segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

E QUANDO A NOITE CAI ?

Conheço um poeta que só é poeta porque dizem que ele é poeta 
Ele não vibra e nem se vira com as palavras 
A cada gole de mágoa se embriaga e se mete a besta a escrever 
Traga o cigarro do verso pensando em aquecer algo dentro de si 
Assim mais um dia passa na mera vida desse que alguns chamam de poeta

E quando a noite cai ?

Em águas salgadas navega sem vontade 
Respira com dificuldade o ar dos mais sábios 
Fica imaginando se soubesse ou se procurasse aprender onde colocar as vírgulas 
Pega rabeta no cometa pra ir pra bem longe e esquecer que quis um dia ser pesquisador
Tropeça no que nunca teve e volta ao chão, o qual não deveria ter se levantado

E quando a noite cai ?

Esquece de ser estrela e não reluz no corpo de vagalume 
Se banha em riacho vermelho 
Desce o morro gotejando dores e tentando se secar com energias desconhecidas 
Plana em poeira acumulada 
Espreme tinta do coração para tentar não acinzentar o pouco que imagina ainda ter

E quando a noite cai ?

Observa de longe os foliões em blocos de risos e felicidades infinitas
Até pensa nos pesos dos blocos por ele um dia carregados
Sente o sussurro da própria voz
Briga consigo mesmo por não suportar carregar o papel de poeta 
Tenta se calar e se apequenar escondendo seus olhos 
Eu o conheço algum tempo...

E quando a noite cai ?

Pois bem...
Como poeta inventado que é, deseja, se é que sabe o que é desejar, apenas uma única alimentação pra tua fome 
Deseja que um dia caia antes da noite 
Para que a lua não fique mais em prantos 
E para que os milhares de vagalumes do mundão possam abrilhantar como estrelas em outros mundões

Aliás, quem espera a noite cair não pode cair na noite ?

Esse meu chapa sempre diz que é há muita regra e pouca madrugada

Poeta de meia caneta !


Chellmí - Jovem Escritor Paulista 
01/02/2016