terça-feira, 1 de outubro de 2013

CORAÇÃO


Dá linha vai mandado
Pois, não sou carretel para querer te enrolar
Com o coração pulsante e despedaçado
Não é a flecha do cupido que vai me encantar

Nas camas em que deitei sempre tive de corpos e almas presentes
Aos lábios que toquei procurei deixar o doce aroma do carinho
Em cada troca de olhar brilhavam quatro estrelas cadentes
A cada partida, um tombo, e eu prossigo sozinho

O te amo se banaliza na boca de quem brinca com o amor
Com os ouvidos tapados a língua se torna metralhadora
O fracasso é visível na face deste eterno sofredor
Resta-me pisar no asfalto e deixar as nuvens à sua brisa inspiradora

A fumaça do cigarro ocupa espaço na bolha da tristeza
A multidão em torno do solitário faz com que a lágrima caia
A brasa queima, o peito congela e o resultado é a fraqueza
A correnteza salgada que transborda meu rosto não fica de tocaia

O mundo berra e quem escuta?
O tempo é irrisório para quem corre na contramão?
Pergunto-me constantemente se vale a pena minha luta
Algumas vezes acho que sim, outras acho que não

Versos adolescentes que surgem no corpo adulto
Cadê a fé? Cadê a garra? Por onde anda a esperança?
A casca grossa da amargura para você é um insulto
Quando a moral é sequestrada, não adianta pagar fiança

Os calos das mãos somem, enquanto os da mente vêm à tona
Pálpebras quase intocáveis
Agora se reaproximam meus ósculos na lona
Em meio a dores imensuráveis

A chuva que cai no telhado não me molha literalmente
O céu soluça e eu escuto
A goteira em meu ser já não me faz tão contente
Pra quem não conhece a distância, considera ridículo meu luto

No universo do capital selvagem as sensibilidades se tornaram chacotas
A sutileza da exposição é mal vista
Delicadezas e sentimentos alguns julgam lorotas
Garantem que no mundo dos derrotados o meu nome é o primeiro da lista

Insanidade, razão, sonhos, afazeres seguem juntos
Se deslocar e transitar talvez sejam para poucos
Por mais que eu me esconda, são permanentes estes assuntos
Enquanto muitos querem se enquadrar, eu me reinvento na terra dos loucos

O que seria do azul se só existisse o vermelho?
O quadradismo vive em meio ao círculo
Já se perguntou o que hoje refletiu em seu espelho?
Não sei se me afasto ou se fortaleço o vínculo

Espero que a vitória um dia venha e que logo vá embora
Já se foi o tempo de gritar, é campeão!
Que o amor nunca seja da boca pra fora
Sei que não sou Rael, mas quem sabe um dia, eu também consiga seguir as batidas do meu coração.

Chellmí - Jovem Escritor Paulista
30.09.2013 - 23:35

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