segunda-feira, 18 de novembro de 2013

AS FOLHAS QUE ME ATRAVESSAM


É no momento mais triste que lhe vejo
Lhe pego, derramo gotas em ti para buscar conforto
Você ouve tudo calada, por isso cada vez mais te almejo
Calada entre aspas, pois grita em silêncio comigo quando estou quase morto

Tua textura me chama, manda-me expressar
Expressar, expressar, para que seja ex-pressão
Pede-me, implora-me para que eu vá devagar
Eu obedeço e vou de encontro correndo e você nunca me deixa na mão

Já pintei teu corpo e me senti artista
Fitei sua face de ponta-a-ponta e sei que não fui o primeiro
Agarrei-te com força, fui rude e por um tempo te perdi de vista
O artista se foi e o que sobrou foram resquícios de arteiro

Nas tuas linhas me perco mesmo quando as mesmas não existem
O cuidado que tenho para não borrar seu rosto é imenso
Como não sou tão zeloso as manchas persistem
E a cada toque em você o clima fica mais tenso

Quando lhe observo voar, imagino um pássaro perfeito
Admirando sua leveza chego a ficar hipnotizado
Seu limite para mim me faz a tratar com respeito
Teu corpo no meu corpo uma hora se vai, mas em ti tudo será eternizado 

Já me debrucei em brancas, negras e coloridas
A calma que se foi agora virou palavra certeira
Entre rosas, espinhos, adubos e margaridas, não se fecham feridas
Folha, eu posso lhe garantir que você é minha paixão verdadeira.

Chellmí - Jovem Escritor Paulista - 17.11.2013

Nenhum comentário: