
O poeta de leveza nos olhos
Carrega o peso da luta
Desnecessariamente se expõe
E necessariamente ocupa
Ocupa muros, corações e mentes
Ocupa, ocupa o que não pode ser desocupado
Entre sorrisos, abraços e dedos do meio
O poeta é a esquiva do vento torto
Rasteiras, voadoras, tiros, caras feias
Nada disso detém o poeta
Varre rua e escreve na guia
Dorme na sarjeta e rabisca a calçada
Pinta as nuvens e picha no céu
Conta anedota nada hilária
Melhor, ele é a anedota hilária dos insensíveis
Eita poeta zika
Tirou nicotina do beiço
Meteu a faca no que parecia ser duradouro
Dedilhou violões inexistentes
Tomou cachaça pra esquecer
E escreve pra não morrer
Vive com a granada na mão
Prestes a puxar o pino
Enquanto a disposição não vem
Estoura palavra na guerra
Se refugia na trincheira do pensamento
Rabisca versos-escudos para artistas exuberantes
E finge parecer são, por ser tão louco
Este poeta...
Este poeta, vive para incomodar as verdades blindadas.
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