segunda-feira, 27 de julho de 2015

NÃO CUSTA NADA OU O NADA NÃO TEM CUSTO ?


Quiseram comprar minha identidade 
Comprar minha andança 
Comprar meu chinelo de dedo 
Comprar o pouco que escrevo
Comprar meu raro sorriso
Comprar nossas ruas de terra
Comprar nossos dedilhados autodidatas
Comprar minha loucura
Comprar meus máximos 3% de doçura
Quiseram comprar meus olhares
Comprar o gingado do meu corpo
Comprar a tradução das nossas gírias
Comprar meus passos nos ares
Comprar meu rastejar em terra batida
Comprar o que pensei
Comprar o que nunca cantei
Comprar a vista grossa
Comprar a prazo de estupidez
Quiseram me colocar na vitrine
Comprar os cacos das palavras, fiado
Comprar um nada que não tem valor
Não tendo o que vender, não vendi
E neste exato momento...
Sou as moedinhas de troco de uma literatura de qualidade incalculável. 

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